Tradutores: Gladis Berezowsky e Yeshayahu Fuks
O escritor A. B. Joshua, vencedor do renomado Prêmio Israel, faleceu ontem. Michael Alush, ex-engenheiro sênior da Industria Aeronáutica de Israel, Chasid Chabad, me enviou a seguinte história, sobre o encontro entre ambos. Para mim, parece um conto hassídico moderno:
“Há alguns anos, peguei um vôo bem cedo. Tão cedo que tive que fazer a reza da manhã (shacharit) no avião. Após a decolagem, me ofereceram um upgrade para a classe executiva. Levantei-me ainda enrolado em meu Talit e tefilin e me encontrei sentado ao lado de… AB Yehoshua. Assim que o escritor me viu, ele se virou para mim dizendo: ‘Eu entendo na sinagoga, mas também no avião você anda de Talit e tefilin?’ e eu em resposta: ‘Por que não? D-s está presente no avião não menos do que na Sinagoga’.
Este foi o início de uma conversa maravilhosa. Contei a ele que além de trabalhar na área de drones (aviões não tripulados), estava traduzindo os livros do rabino Adin Steinsaltz para o francês e que meu primo, Jean-Luc Alush, era o tradutor para o francês de seus livros. E ele estava exatamente a caminho da França para receber um prêmio por um livro, que meu primo havia traduzido. Quando lhe perguntei se queria colocar o tefilin, ele respondeu: ‘sou ateu’.
Mais tarde, lemos juntos uma passagem do livro ‘Neshama (alma)’ que eu estava traduzindo para o francês: ‘Ateísmo pelo menos move a pessoa do reino da indiferença para o reino do envolvimento emocional’, indo além do ‘não me importo’, chegando a um ‘isso me irrita’. Já é uma evolução! Lembro que ele sorriu.
Na aterrissagem nos separamos, mas isso não foi o fim. Poucos dias depois, fui convidado para dar uma palestra na Escola de Altos Estudos de Engenharia de Toulouse. No dia anterior à palestra, os organizadores me pediram para vir sem símbolos religiosos externos, ou seja, sem Kipá.
Falei imediatamente com meu primo, Jean-Luc Aluch, e ele respondeu por e-mail, contando que ainda estava em Paris com a AB. Yehoshua e que ainda estava falando com ele sobre nossa conversa no avião.
Acrescentou que A. B. Yehoshua – na verdade o mesmo que reclamou dos meus símbolos religiosos no avião – pediu que eu não atender aquele pedido em nenhuma circunstância e para dar minha palestra de kipá. Não desistir! Assim foi e, no final, eles até pediram desculpas por ter solicitado algo assim.
Desde então, mantivemos contato, e ele sempre foi caloroso e cordial. Essas palavras são em memória de Avraham Gabriel ben Yaakov Yehoshua.”