Parashat SheminiPurim

O valor do Silêncio – Parashat Shemini

Nem sempre conquistamos nossos anseios por intermédio do ato de falar. O silêncio às vezes é muito mais representativo e pode nos fazer alcançar nossos objetivos de um modo mais adequado. O silêncio pode expressar mais do que muitas palavras e não significa falta de capacidade.

Uma das virtudes dos descendentes de Binyamin (filho caçula de Yaacov), era saber ficar em silêncio nos momentos certos. Não que não soubessem falar bem; muito pelo contrário! Tanto é que a pedra que representava esta tribo nos Urim Vetumim era chamada Yashepê, que significa “tem boca” (yesh pê).

O Rei Shaul, primeiro rei do Povo de Israel, era descendente de Binyamin. Ele fez bom uso do silêncio, conforme consta no Tanach. Quando o Profeta Shemuel comunicou-lhe que seria rei, Shaul não mudou seu comportamento e continuou sendo a mesma pessoa, o mesmo homem humilde de sempre. O fato de ser futuro rei não lhe subiu à cabeça, tanto que nem contou a seus familiares que estava destinado a ser rei.

Em Purim, o Povo de Israel também foi salvo por conta do silêncio da Rainha Ester, que obedecendo à ordem de Mordechay, não contou ao rei sua origem. Tanto Mordechay quanto Ester eram descendentes de Binyamin.

Nesta parashá, após a tragédia que acarretou a morte de dois de seus filhos, Aharon silenciou. A Torános diz: “Vayomer Moshê el Aharon hu asher diber Hashem lemor bicrovay ecadesh veal penê chol haám ecaved vaydom Aharon (Vayicrá 10:3) – “E disse Moshê a Aharon: Isso é o que falou o Eterno dizendo: Por meus escolhidos me santificarei e perante todo o povo Eu serei glorificado. E calou-se Aharon.”

Nossos sábios nos contam que o difícil silêncio de Aharon, nesse momento de dor, demonstrando conformação e confiança na justiça Divina, trouxe-lhe mais tarde, uma recompensa. O Próprio Todo-Poderoso veio falar com Aharon, diretamente, sem necessidade da intermediação de seu irmão Moshê.

O Maharal de Praga zt”l, em seu livro Dêrech Hachayim, escreve que o poder da fala é um poder físico (do corpo) e o raciocínio é um poder espiritual. Estes dois fatores antagônicos não podem trabalhar simultaneamente no indivíduo.

O silêncio, portanto, é importante para evitar erros, uma vez que quando usamos a fala estamos, de certa forma, anulando o raciocínio.

 

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